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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Visita do dia 31/07/2010 por Arusha Kelly (Letras/UFC)

Dando continuidade às atividades do Projeto Biblioteca Comunitária do Benfica e Gentilândia, visitamos a Pracinha da Gentilândia, onde se realiza todos os sábados e domingo, a tradicional feira-livre. Não foi possível fazer uma abordagem com os feirantes, bem como, os freqüentadores. Mas, realizamos registros fotográficos. A falta de contato se deu pelo horário tardio ao qual nos encontrávamos. E, devido a esse fato, já não havia um número considerado de feirantes e seus respectivos fregueses.

Deslocamos-nos para a Praça João Gentil, onde ocorria um evento cultural – a Feira Agroecológica. Nesta feira, ofertavam-se alimentos orgânicos, naturais, serviços de massoterapia e artigos exotéricos e artesanais. Um grupo circense encenou, num tom humorístico, uma mensagem sobre higiene e cuidados com a natureza. Fizeram uma interação com o público presente e cantaram músicas.

Tivemos a oportunidade de conversar e, após, entrevistar um morador do bairro, Profº Roberto Leite, que vive por lá desde a década de 60, só se ausentando por poucos anos – início dos anos de 2000. Seu relato deu-se de suas lembranças de infância e seu ponto de vista sobre o bairro. O modo de vida dos outros moradores, a influência da UFC e IFCE – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (antiga Escola Técnica do Ceará e tempo depois, o Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, CEFET-CE) e a modernização do bairro de boêmio para corredor cultural. Também comentou sobre sua opinião sobre o projeto da biblioteca comunitária, coordenada na pessoa do Profº Tadeu Feitosa.
[sic]“... É importante que não seja apenas uma biblioteca, que seja um espaço cultural bem mais amplo e que possa registrar, na mais variadas formas, visuais e audiovisuais, as questões do bairro do Benfica. Que possa minimamente preservar a memória deste bairro que é muito rico na cidade de Fortaleza. E porque ele retrata bem o que é a cidade de Fortaleza.” (LEITE, Roberto. 2010)

 Um segundo momento de nossa incursão pelo bairro se deu a uma visita ao bar “Bar do Ventura”, onde se encontrava alguns moradores e ex-moradores em ritmo  boêmio. Tivemos a oportunidade de conversar com um ex-morador, que mantinha laços emocionais com o bairro. Durante a apresentação do projeto e uma solicitação de registro da conversa, nos foi negada, pela distinta pessoa, que alegou está saturada de tantas outras pessoas já ter-lhe procurado com promessas e argumentos vindouros de fundamentar os registros históricos sobre o bairro. O qual nunca havia se concretizado. Segundo ele, “As pessoas aparecem, falam e falam. Prometem coisas grandiosas e depois desaparecem. Pois, só vieram até aqui através de uma nota da faculdade. Nada mais temos a registrar desta conversa rápida e um tanto ríspida.
Seguindo em frente, visitamos o bar “Bem Dita Fome!”, onde tivemos o prazer de conhecer pessoas ilustres e que antes compuseram a Confraria a Gentilândia, que se tratava de um grupo de moradores e ex-moradores que possuíam um acervo fotográfico e documental do bairro. Suas reuniões, antes de seu fechamento, dava-se em um anexo a um bar naquela região.

No presente dia de nossa visita, os amigos estavam reunidos para comemoração do quinto ano do plantio da árvore, que era símbolo de suas amizades e amor ao bairro. Foi anunciado, para janeiro do próximo ano, a construção do memorial e sede da Confraria. Nosso grupo fora presenteado com o livro "Rua Carapinima: Ecos e Ícones", de Paulo Maria de Aragão, que versa sobre as ruas e moradores mais distintos do bairro a partir da década de 30.

Ao fim da manhã tivemos uma ótima refeição onde ocorria o evento supracitado. Saímos do bairro com alguns contatos para futuras entrevistas e ficamos com a sensação de alegria ao presenciar o amor, carinho e dedicação de um povo ao seu bairro. Um bairro, este, rico em história, cultura e vivências. Seja pelos seus moradores/filhos ou por aqueles que simplesmente passam por suas ruas e freqüentam seus estabelecimentos. É difícil, no que dizer impossível, não ser envolvido pela atmosfera daquele lugar.

Caminhos percorridos pela bolsista Arusha Kelly (Letras/UFC)


Ao percorrer as ruas do bairro Gentilândia faz notar-se as particularidades que compõem este distinto bairro, tornando-o especial e incentivador de estudos e pesquisas. A começar por sua origem, que salvo engano, partiu de uma fazenda pertencente à família Gentil. De ruas estreitas – pouco movimentadas, dar o ar bucólico aquela região. Daí a fama boêmia que, por anos, é sua marca (dividida com o bairro Praia de Iracema, especificamente a Rua dos Tabajaras).
A cada rua percorrida era observada a arquitetura das residências, fazendo perceber o estilo antigo que ainda mantém-se preservado por seus moradores. Sensação, esta, muito agradável, quando ao se contemplar essas residências. Ruas pavimentadas, mas tranqüilas. Foi-se percebido que, pelo início da manhã, é normal as pessoas encontrarem-se nos interiores de seus lares. Marca, esta, de um bairro de cunho residencial. Outra comprovação deste fato é de que, ao transitarmos pelas ruas, notava-se o aroma dos preparativos para o almoço.
O marco pitoresco desta região é a casa da família Gentil, que hoje abriga a Reitoria da Universidade Federal do Ceará – a UFC. Mas, consta uma dúvida: onde começa o Benfica e Gentilândia? Para muitos, a Reitoria é pertencente ao Benfica, mas trata-se da casa-sede da família Gentil, levando em conta a história, citada acima, de que aquela região era uma fazenda.
Outro marco em nossa caminhada foi o Bar do Chaguinha, que desde os anos 50, permanece fixo no mesmo local. Muito interessante a arquitetura externa deste local. Pois, faz remeter aquela época. Só foi uma lástima não poder vislumbrar o interior do recinto, mas por sua fachada, já foi satisfatório.
Ao fim do passeio, foi restaurador poder sentar na praça – onde consta o busto de João Gentil, curtir o vento, ouvir os pássaros e observar os moradores do bairro. É impressionante saber que consta uma avenida tão intensa, como é a Avenida Treze de Maio, num lugar pacato. É bairro rico. Rico em história, rico em cultura e rico em diversidade. Um lugar que, realmente, merece o seu registro, não só para o seu povo, mas para as futuras gerações e para a nossa cidade – que necessita saber de seu tesouro.

BEM-VINDOS!!!

O projeto de extensão da UFC, do Departamento de Ciências da Informação: Biblioteca Comunitária do Benfica e Gentilândia vem chamar a comunidade para unir forças na empreitada da formação de uma biblioteca comunitária local, contemplando os dois bairros e suas especifidades culturais, hsitóricas e geográficas.
Como todo projeto de extensão tem a finalidade de levar a Universidade à comunidade, a Biblioteca Comunitária será esse espaço democrático de convivência e de diálogo. Assim, seu acervo representará as duas histórias: a da UFC e a do Benfica/Gentilândia, de cujo diálogo resultarão em muitas ações culturais.

Para ter o sotaque dos bairros, a biblioteca reunirá de discos a relatos orais de moradores antigos; de álbuns de família a receitas culinárias; de gibis a cordéis. Enfim, tudo o que possa ser produzido pela comunidade ou a ela se refira. Nossos serviços vão além de empréstimos, consultas ou orientação de pesquisa. Promoveremos exposições, bate-papos, festas, almoços culturais, eventos de um modo geral.

A idéia é que a biblioteca se confunda com o imaginário cultural dos bairros. Assim, ela também se expandirá para ruas e praças, para feiras e escolas, etc. Nossa missão é destruir barreiras, expandir fronteiras e interagir com o cotidiano da comunidade local.

Sejam todos bem-vindos à essa casa, a sua casa, a nossa casa!